Se você fica neutro em situações de injustiça, você escolhe o lado do opressor – Desmond Tutu
Uma educação verdadeiramente transformadora deve reconhecer e valorizar a diversidade étnico-racial presente na sociedade, promovendo a igualdade e o respeito entre todos os indivíduos. Isso envolve gestores, professores e equipe escolar de forma geral, considerando todos os espaços onde o preconceito e a discriminação podem acontecer, tais como salas de aula, pátio, corredores etc.
Segundo a filósofa Sueli Carneiro, o racismo é uma estrutura de poder que, além de discriminar pessoas com base na raça, organiza a sociedade de maneira a manter privilégios para pessoas brancas, enquanto marginaliza e exclui pessoas negras e de outros grupos raciais. Além disso, o racismo é uma ideologia que naturaliza a desigualdade entre os grupos raciais, distribuindo desigualmente os recursos e as oportunidades.
“O racismo estrutura a sociedade brasileira, produzindo desigualdades persistentes e impactando profundamente a vida dos negros.” – Sueli Carneiro
O que é racismo estrutural?
Racismo estrutural é a forma como o racismo está profundamente enraizado nas estruturas sociais, políticas e econômicas de uma sociedade.
Uma vez que o racismo como o conhecemos hoje tem origem nos processos históricos das sociedades modernas, ele se manifesta por meio de estruturas que perpetuam as desigualdades raciais nas diversas esferas da vida pública e privada dos cidadãos. Isso ocorre por meio de práticas, normas e políticas que favorecem os brancos e desconsideram as necessidades e direitos das populações negras e indígenas.
Racismo nas escolas
O racismo estrutural nas escolas também pode ser constatado através da comparação entre as trajetórias escolares de estudantes negros e brancos. Dados do IBGE mostram que estudantes negros têm:
- Menor taxa de conclusão do ensino médio e ensino superior
- Menor frequência escolar de crianças negras de 0 a 5 anos;
- Menor tempo de estudo e permanência na escola durante a trajetória escolar;
- Maior índice de analfabetismo do que brancos;
- Maior taxa de abandono escolar durante as etapas da educação básica.
No mesmo sentido, um artigo publicado pela American Psychiatric Association (APA) aponta que as experiências de racismo vivenciadas por estudantes adolescentes dos Estados Unidos foram associadas a um maior número de sintomas depressivos e maior sofrimento psíquico; baixa autoestima; menor desempenho acadêmico e engajamento; maior envolvimento em comportamentos de risco e uso de substâncias psicoativas.
Combate ao racismo no contexto escolar
Por esses motivos é tão importante combater o racismo no contexto escolar. Veja abaixo alguns exemplos do dia a dia de diferentes formas de combate ao racismo:
1 – Educação antirracista em sala de aula: inserir práticas pedagógicas que promovam atitudes antirracistas, integrando o conhecimento dos povos originários e de comunidades historicamente marginalizadas. Essa abordagem busca valorizar e incorporar essas contribuições na formação dos alunos.
2 – Mídias Sociais e Comunicação: as redes sociais vêm se tornando um espaço de visibilidade para pessoas negras. Nelas, opiniões, experiências, celebram a identidade e discutem questões como racismo estético, entre outros.
3 – Ampliação do debate sobre racismo com amigos e familiares: o racismo é uma realidade cotidiana para muitos brasileiros, e discutir abertamente esse tema é essencial para promover o letramento racial e a capacidade de respeitar as singularidades do outro
O conteúdo desse texto foi baseado no nosso “Caderno sobre Letramento e Consciência Racial”. Se você quiser saber mais sobre o assunto, clique aqui.