Nem todos percebem, mas a falta do bem-estar dos educadores, impacta não somente o ensino, como traz consequências negativas para a economia e para a sociedade. Altas taxas de rotatividade, faltas, afastamentos, aposentadorias precoces, entre outras questões geram prejuízos de milhões para a educação. Além disso, quando não existe investimento no bem-estar do profissional, todo o processo de ensino e aprendizagem é prejudicado.
No dia a dia das escolas, nos acostumamos a falar e cuidar do bem-estar dos alunos. Porém, é comum notar que, com relação aos educadores, nem sempre essa preocupação é o foco. No post de hoje vamos conversar sobre como o bem-estar do professor influencia na escola e o que podemos fazer para transformá-lo em uma realidade.
O que é o bem-estar do professor?
Quando pensamos sobre o bem-estar dos educadores, grande parte das escolas concentra-se em minimizar fatores estressantes que estão presentes na rotina do professor. Como os docentes enfrentam desafios comuns no seu dia a dia, existe uma tendência das escolas em querer eliminar o estresse, como forma de garantir o bem-estar.
Porém, na prática, esse tipo de abordagem costuma ser pouco efetiva, pois tirar totalmente o estresse da rotina, além de ser uma medida ilusória, não é algo necessariamente positivo. Como já falamos aqui, o estresse não deve ser visto como um vilão, mas sim um fator desafiador que nos impulsiona para o crescimento.
Além disso, ao realizar esses tipos de medidas e práticas, na realidade, as escolas estão promovendo ações paliativas, pois os fatores que geram o estresse continuam fazendo parte da rotina dos educadores.
Assim, para ter um ambiente que favoreça o bem-estar, o primeiro passo é entender o que isso significa para o educador, para então criar medidas que o apoiam. Nesse sentido, podemos pensar o bem-estar do professor de diferentes formas, que podem ser traduzidas como:
· Sentir-se apoiado e equilibrado no seu dia a dia
· Ter liberdade para usar a criatividade e ajudar os alunos em seu sucesso
· Ter oportunidades de aprender e avançar na carreira profissional
· Ser recompensado de forma justa
· Ter uma rede de apoio para superar os desafios
O bem-estar do professor e a influência na escola
Como falamos no início, o bem-estar do professor traz sérios impactos para a economia e para a sociedade. A exposição a um ambiente estressante por um período prolongado acarreta uma série de consequências para a saúde mental desses profissionais. Como resultado, é comum observar a incidência de transtornos mentais e episódios que indicam que a saúde mental desses profissionais não vai bem. Em ambos os casos, a escola e os alunos perdem. Afinal, problemas de saúde mental geram faltas, afastamentos e a desistência de inúmeros docentes.
Além disso, estudos demonstram que professores com estresse crônico têm menor propensão ao desenvolvimento de vínculos, o que também afeta o processo de aprendizagem e desempenho dos alunos. Apenas para se ter uma ideia, pesquisadores da Universidade de Groningen, na Holanda, entrevistaram um pequeno grupo de 143 professores iniciantes ao longo de um ano. Aqueles que apresentaram níveis mais altos de estresse no início do ano, tiveram estratégias de ensino menos eficazes durante o resto do ano letivo, incluindo instruções claras, gerenciamento eficaz da sala de aula e criação de um clima de sala de aula seguro e estimulante para seus alunos, do que os professores com níveis iniciais de estresse mais baixos.
Como tornar o bem-estar do professor uma realidade
Como explicamos, o bem-estar não é a ausência de estresse ou uma visão positiva sobre a rotina de trabalho. Sem compreender os reais motivos que prejudicam o bem-estar, fica impossível criar ambientes saudáveis para a nossa mente e o nosso corpo.
Nós, do Instituto Ame Sua Mente acreditamos que para que o bem-estar do professor seja uma realidade é preciso trabalhar em duas frentes. A primeira diz respeito à autorresponsabilidade, ou seja, empoderar os professores por meio de informações sobre saúde mental, para que eles possam contribuir para a prevenção de transtornos e a criação de um ambiente mais saudável para eles e seus alunos.
Outra frente diz respeito à própria escola. Afinal, também cabe às escolas investir na adequação dos locais de trabalho, criar políticas de valorização do profissional, instituir canais de comunicação para entender os problemas do dia a dia do professor, investir em treinamentos e dar condições para que o bem-estar do educador seja tratado como prioridade.
É preciso apostar em um trabalho conjunto para fornecer real suporte e mudar a cultura em torno do ensino. Esse é o caminho para ajudar a reduzir o estresse do professor, minimizar seus efeitos negativos e melhorar o ambiente escolar como um todo.