O cyberbullying, ou assédio virtual, é uma forma de violência praticada contra alguém por meio da internet. Ele pode ocorrer nas mídias sociais, em grupos de mensagens e até em plataformas de jogos online. Trata-se de um comportamento repetido, com a finalidade de humilhar, perseguir, intimidar, agredir ou difamar alguém.

Segundo uma pesquisa do Unicef, 1 em cada 3 jovens relata ter sido vítima de cyberbullying em pelo menos 30 países, e cerca de 1 em cada 5 jovens deixou a escola porque sofreu cyberbullying. O relatório produzido pela organização, chamado de U-Report, aponta que as redes sociais são o principal local onde o cyberbullying ocorre.

Um aspecto interessante do levantamento é que a organização questionou aos jovens quem deve ser o responsável por eliminar o cyberbullying. Na visão dos entrevistados, 32% acreditam que essa é uma obrigação do governo; 31% entendem que os próprios jovens devem combater o cyberbullying, enquanto 29% afirmam que as empresas proprietárias das plataformas – como Facebook, Instagram, Twitter, entre outras – devem ser as principais responsáveis.

A pesquisa feita pelo Unicef entrevistou mais de 170 mil jovens de diversos países, incluindo o Brasil. O estudo mostra que o cyberbullying não é um problema exclusivo de nações com alta renda per capita e atinge jovens de forma bastante semelhante, independentemente da cultura.

No Brasil, 37% dos adolescentes afirmam que sofreram cyberbullying e 36% faltaram à escola depois de terem sofrido algum episódio de violência no ambiente virtual. Esses dados, quando comparados aos de outros países, mostram o Brasil como um dos campeões em episódios de cyberbullying envolvendo jovens.

Iniciativas para combater o cyberbullying dentro e fora da escola

O Brasil já conta com uma Lei de Combate ao Bullying e ao Cyberbullying. Editada em 2015, a Lei n.º 13.185, que instituiu o chamado “Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying)”, visa estimular a criação de ações para combater o bullying e o cyberbullying, especialmente no ambiente escolar. Em seu artigo 5º, a legislação define como dever da escola “assegurar medidas de conscientização, prevenção, diagnóstico e combate à violência e à intimidação sistemática (bullying)”.

Existem várias formas de abordar o cyberbullying na escola e criar iniciativas junto com os alunos. Aliás, esse é outro aspecto interessante identificado pelo Unicef em seu relatório. No Brasil, ao contrário de outros países, 55% dos jovens acreditam que eles próprios devem ser os principais responsáveis no combate deste tipo de violência, em detrimento ao governo ou às empresas de tecnologia. Neste cenário, é possível identificar uma maior disponibilidade dos adolescentes brasileiros para fazer parcerias no combate ao cyberbullying.

O Unicef lançou um vídeo educativo que pode ser um material bem interessante para iniciar conversas e debates em sala de aula. Sem usar uma palavra e se aproveitando da animação, o vídeo explora uma situação que desperta identificação e permite que os jovens compreendam melhor as consequências do cyberbullying.

Além da conscientização é essencial que a escola se estabeleça enquanto espaço de acolhimento para as vítimas do assédio virtual. Criar locais para denúncias e priorizar a saúde mental no ambiente escolar é primordial para que esses jovens não se sintam acuados e acabem até abandonando o ensino.

Cyberbullying e suicídio

Suicídio é um tema sensível e que está bastante ligado ao cyberbullying. O assédio virtual consegue ser mais impactante do que o bullying justamente pelo poder de exposição da internet, que pode levar a vítima a consequências extremas.

De forma geral, o suicídio costuma ser uma reação aos sentimentos de vergonha, humilhação e fracasso causados pelo cyberbullying. Como é impossível eliminar as consequências da exposição online, a vítima acaba escolhendo uma “solução” radical para o problema, eliminando a própria vida.

Embora a escola não tenha qualquer controle sobre as interações entre os alunos fora dela, o cyberbullying não deve ser minimizado. Mesmo que o ofensor declare que seus atos eram uma espécie de brincadeira, é fundamental mostrar que a escola não valida qualquer prática de violência seja ela física ou verbal.

Neste sentido, os educadores podem ajudar no trabalho de conscientização sobre o tema. Eles também têm um papel importante na hora de abrir um canal de comunicação com os alunos e criar vínculos de confiança para evitar que o cyberbullying se transforme em uma prática.

Preparar o ambiente escolar e desenvolver ações com os alunos contribuem para o fim do ciclo de agressividade, melhorando o ambiente escolar e, principalmente, promovendo a saúde mental de todos.

Tem dúvidas sobre o cyberbullying? Conheça também as nossa Ficha Informativa sobre “Caminhos possíveis para a prevenção do suicídio”, clique e baixe já seu material.

© 2023 por Ame sua Mente

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