O ensino remoto exigiu flexibilidade, paciência e muita dedicação dos professores. Adaptar-se rapidamente às novas tecnologias diante de um cenário de incertezas e, muitas vezes, sem os recursos necessários trouxe diversos desafios, mas também alguns aprendizados.
Hoje, grande parte dos professores (51%) acredita que a tecnologia pode ser um recurso importante no uso das diferentes metodologias de ensino. Esse dado foi apontado pela pesquisa “Desafios e perspectivas da educação: uma visão dos professores durante a pandemia”, realizada pelo Instituto Península, em setembro. Ainda segundo o levantamento, 48% dos educadores apostam na tecnologia para apoiar o processo de recuperação da aprendizagem.
Mas, independentemente das perspectivas e desafios, uma coisa é certa: o ensino remoto mostrou aos educadores que os cuidados com a saúde mental não podem ser negligenciados. É preciso aprender a administrar o estresse e lidar melhor com a rotina nas diferentes circunstâncias.
No post de hoje, mostraremos alguns dos ensinamentos que o ensino remoto trouxe e quatro dicas preciosas para manter o seu dia a dia mais equilibrado.
A importância de determinar horário e espaço de trabalho
O trabalho do professor não se restringe à sala de aula. Estudar e planejar o conteúdo dado em classe, elaborar e corrigir provas e tarefas também fazem parte da rotina. E com a pandemia, a sala de aula acabou sendo transferida para casa, bagunçando ainda mais o dia a dia dos educadores. Essa mudança brusca somada aos desafios do ensino à distância, afetaram a saúde mental de muitos professores, que sobrecarregados, passaram a ficar ansiosos e muito estressados.
O período de isolamento social, no entanto, mostrou como é importante definir os horários de trabalho, bem como, o espaço para a sua realização. Não ter limites físicos e de tempo entre a vida pessoal e o trabalho é um dos principais fatores que leva ao esgotamento de inúmeros profissionais. Por isso, estabelecer essas “fronteiras” é um bom começo para garantir a saúde mental no dia a dia.
Incluir o autocuidado na rotina
Ensinar é uma atividade que demanda dedicação e responsabilidade. Porém, os professores brasileiros ainda são bastante desvalorizados. Uma ,pesquisa realizada pela Varkey Foundation aponta que o Brasil é um dos países que menos prestigia seus educadores. Nesse cenário, não é incomum encontrar profissionais desestimulados, ansiosos ou esgotados física e emocionalmente.
Para lidar de forma mais saudável com a rotina, é preciso que o educador respeite seus limites e direcione o seu olhar para si. Desta forma, poderá se perceber como indivíduo, e, caso note que está a maior parte do tempo triste, ansioso ou irritado peça ajuda. A ,Plataforma de Apoio Psicológico ao Professor, criada pela Rede de Educadores em Luta, oferece suporte psicológico gratuito para os profissionais de educação.
Nós do Instituto Ame sua Mente, também criamos um material com ,orientações de autocuidado e rotina que podem ser incorporados no seu dia a dia. Lembre-se: o autocuidado não é nenhum tipo de luxo. Assim como é importante trabalhar, também é essencial descansar, tirar um tempo para si e recarregar as energias.
Praticar exercícios físicos e atividades prazerosas
Os exercícios físicos exercem um grande impacto tanto em nossa saúde física como na nossa saúde mental. É através da prática da atividade física que liberamos uma série de hormônios essenciais para o nosso bem-estar. Muitos professores, no entanto, deixam os exercícios de lado por conta da rotina atribulada. Porém, é importante reservar um espaço na agenda, especialmente para quem sente que não está muito bem.
Só para lembrar, exercício físico não precisa ser sinônimo de academia, nem requer investimento. Caminhar no parque, por exemplo, já é um bom começo. Incluir atividades como subir escadas em vez de usar o elevador, ou fazer alguns trajetos a pé também é uma maneira de mexer o corpo, conquistar algumas endorfinas e liberar o estresse diário.
Além dos exercícios, cultivar um hobby ou incorporar atividades prazerosas na sua rotina também são importantes para administrar o estresse e a ansiedade. E aqui vai do gosto do cliente: tocar um instrumento, tomar um banho quente, cozinhar, ouvir música, estar com a família ou até olhar as estrelas, porque não…
Ter uma rede de apoio entre professores
O ensino remoto foi um grande desafio para os professores. Definitivamente, não foi nada fácil se adaptar ao mundo digital da noite para o dia, muitas vezes, sem qualquer estrutura. Porém, nem só experiências amargas restam da pandemia. Muitos professores se reuniram em grupos para discutir as possibilidades do ensino online, bem como, ofereceram suporte uns aos outros. Esse sentimento de pertencimento e união, sem dúvida, fortaleceu laços entre colegas de profissão e promoveu troca de conhecimentos. A existência de redes de apoio é fundamental para o nosso bem-estar e também para o nosso desenvolvimento. Afinal, somos seres sociais e sem esse tipo de interação acabamos deprimindo. Com o aumento da imunização e a retomada das atividades, manter esses grupos é um grande diferencial para a saúde mental e o bem-estar dentro e fora da escola.
O velho ditado já dizia que “não há mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe”. Pouco a pouco vamos vendo dias melhores chegando. Agora que já existe um espaço maior para respirar, também é bom refletir: o que aprendemos com tudo isso? E o que gostaríamos de levar dessa experiência? Não há dúvidas de que a pandemia gerou muitas perdas, algumas inestimáveis. Mas ela também nos deu a oportunidade de revermos nosso cotidiano e avaliarmos o que realmente importa.