Entenda melhor como as modelos de ensino se relacionam com a saúde mental.
As linhas pedagógicas são modelos de ensino que orientam o estilo de aprendizagem adotado por uma instituição educacional. Elas definem a identidade acadêmica de uma escola, pautam os tipos de projetos, as práticas em sala de aula e os formatos de avaliação dos estudantes.
Existem diversas linhas pedagógicas, cada uma com ênfase em um aspecto particular dos processos de ensino e aprendizagem, trabalhando o desenvolvimento educacional dos alunos a partir de uma perspectiva diferente.
No Brasil, existe a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), documento que visa unificar os percursos e objetivos de aprendizagem da educação no país, é a base que pauta o currículo escolar comum a todas as instituições de ensino. No entanto, é comum que cada escola adote um modelo de ensino principal, mas trabalhe elementos de diferentes linhas pedagógicas, buscando inspiração naquelas que se adequam melhor às suas propostas educacionais. Confira algumas das linhas e teorias pedagógicas mais difundidas atualmente, que podem inspirar positivamente o processo de ensino de escolas e educadores, além de entender como cada uma influencia o desenvolvimento integral dos alunos.
Contrária à linha tradicional, que coloca o professor como único detentor de conhecimento e os estudantes como agentes passivos, a teoria construtivista foca na liberdade do aluno de poder construir seu próprio conhecimento, sendo marcada pela autonomia estudantil. Nesta teoria, o estudante é a figura central no processo de aprendizagem, formulando hipóteses e resolvendo questões para estimular o aspecto cognitivo e sua capacidade investigativa.
Essa teoria leva em conta as etapas do desenvolvimento mental dos alunos e propõe que construam o conhecimento ao longo das aulas, com base em suas próprias vivências e naquilo que já conhecem. Segundo a estudiosa Dyesa K. Fossile, a aprendizagem aqui não é tratada como resultado do desenvolvimento do aluno, mas sim como o próprio desenvolvimento dele; essa teoria visa beneficiar diretamente o pensamento crítico dos alunos, tornando-os ativos e motivados.
Similar à teoria construtivista, a linha sociointeracionista defende a importância da interação entre sujeito e meio; ou seja, o estudante constrói seu conhecimento através de interações sociais, inserido em um contexto histórico, social e cultural. A ideia é respeitar a história e as individualidades de cada criança, estimulando-as a se expressarem e participarem ativamente na sociedade. O professor é um agente facilitador que atua como mediador e compartilha suas experiências em sala de aula.
O uso desse modelo de ensino nas escolas incentiva a participação e a colaboração entre os alunos, pois ela promove o respeito aos valores e bagagem histórica de cada um. Seus aspectos mais notáveis no desenvolvimento das crianças são a habilidade de trabalhar em equipe, a curiosidade para experimentar e se expressar, além de trabalhar a autonomia.
A linha montessoriana também não atua com cronogramas de aprendizado rígidos, se baseando no ritmo pessoal e na autonomia estudantil de cada aluno. Geralmente utilizada em turmas com poucos estudantes, para que o acompanhamento do progresso seja mais eficiente, o método é marcado por experiências práticas e observação, colocando o aluno como protagonista.
O professor age como guia, disponibilizando materiais de apoio diversos que estimulam a aprendizagem. Os métodos de avaliação não são específicos, podendo variar entre aplicação de provas, criação de projetos ou análise do desempenho dos alunos ao longo das aulas.
A ideia é que o estudante, embora tenha que cumprir módulos obrigatórios, possa escolher quais conteúdos deseja interagir no dia a dia, desenvolvendo-se plenamente de maneira autônoma e individual. Ao dar liberdade ao aluno para que construa o seu processo de aprendizagem, a linha montessoriana contribui para o desenvolvimento da sua personalidade.
Centrada em trabalhar o conhecimento e as vivências do aluno de maneira integral, a metodologia Waldorf é construída com base em três grandes ciclos de sete anos: do nascimento aos sete, dos sete aos 14 e dos 14 aos 21. Em cada período, o estudante é guiado por um único tutor de referência, que acompanha seu desenvolvimento e analisa seu progresso.
Por lidar diretamente com o tempo biológico do aluno, os ensinamentos de cada ciclo não são repetidos e não há aplicação de provas tradicionais. O aprendizado, que é acompanhado de perto também pela família, não acontece somente em matérias tradicionais, mas também em áreas ligadas às artes e aos trabalhos manuais, objetivando uma evolução que vá além dos ensinamentos básicos e desperte o potencial máximo de cada um.
Baseada nos conceitos do educador Paulo Freire, essa linha também é baseada na valorização dos conhecimentos e experiências pessoais dos alunos, visando respeitar as características individuais de cada um deles. Ou seja, os professores atuam embasados na escuta ativa e no respeito às individualidades das crianças, ajudando-as a entender melhor o mundo e as situações através do conhecimento. A avaliação por meio de provas é opcional.
Como aproveitar o melhor de cada linha pedagógica?
Felizmente, vemos uma tendência comum entre as diversas teorias de colocar o aluno no centro do processo de aprendizagem com uma abordagem mais personalizada no sentido de uma formação integral. Isso favorece o desenvolvimento da saúde mental e competências socioemocionais nos jovens. Cada teoria com suas particularidades, ora focando em experiências práticas ou em atividades que vão além das matérias tradicionais. Por isso, é interessante que essas linhas sejam exploradas pelas escolas para que estas possam formular uma metodologia de ensino ativa e personalizada, eventualmente, absorvendo as melhores práticas de cada linha.
O conhecimento e a participação das famílias na escola também é um fator muito importante para o desenvolvimento das crianças e jovens. Vamos juntos!