Além do enorme desafio quando perdemos uma pessoa querida, é comum ao longo da vida lidarmos com diversos tipos de perdas como a demissão de um emprego, a morte de um animal de estimação, o término de um relacionamento ou a mudança de cidade ou país de um familiar ou amigo. O impacto desses eventos em nossa saúde mental é variado e exige a elaboração da ausência do que foi perdido e a adaptação a uma nova realidade: luto e transformação.
Chamamos de luto o conjunto de sentimentos e reações consequentes de perdas como essas. Nessas situações, diversas emoções podem se manifestar, como por exemplo: tristeza, raiva, culpa, confusão mental, sensação de vazio e sentimento de desamparo.
Em meio a uma corrida constante pela felicidade e soluções milagrosas para o sofrimento, quase não resta espaço para vivenciar o luto. É comum que as pessoas queiram acelerar esse processo para dar fim à angústia e tudo voltar a ficar “bem”. Porém, é importante compreender que esta vivência é tão imprevisível, quanto necessária.
Não existe uma ordem específica para as etapas do luto, assim como não há certo ou errado. Cada pessoa experimenta a dor de forma diferente, podendo haver altos e baixos emocionais, momentos de avanço e outros de retrocesso, um processo que pode durar meses ou anos. Por isso, trata-se de uma jornada individual que exige tempo, paciência e apoio.
A importância do sentir
Aceitar os sentimentos desagradáveis resulta em mais benefícios à saúde mental do que evitá-los ou negá-los. Sentir e reconhecer o próprio estado emocional leva ao autoconhecimento e tende, ao longo do tempo, à aceitação e redução do sofrimento, enquanto que a negação perpetua o conflito entre o indivíduo e suas emoções.
No entanto, em uma sociedade imediatista e permeada pela positividade tóxica é comum solucionar e julgar qualquer situação ou comportamento. Neste contexto, ficamos mais angustiados com os momentos de pesar, já que não nos permitimos sentir.
Esquecemos que a solução está em prestar atenção nas nossas emoções, trazendo maior consciência ao momento presente e, dessa forma, ter a oportunidade de experienciar genuinamente os acontecimentos.
Em tempos de redes sociais, excesso de informações e mensagens instantâneas, precisamos aprender a parar, sentir e observar a nós mesmos, respeitando nossas necessidades, vontades e limites.
A força da rede de apoio
Conversar com amigos ou familiares sobre como você está se sentindo, pode ajudá-lo a acessar um lugar de conforto e aconchego. Pedir ajuda é uma das formas de manejar o estresse e dar o tempo necessário para a elaboração dos sentimentos. É de grande valia contar com uma rede de apoio para auxiliar em algumas tarefas ou compromissos que podem te oferecer momentos de relaxamento. Mesmo sem motivação, aproveite essa rede para ajudá-lo a equilibrar o tripé que sustenta a saúde mental – atividade física, alimentação e sono.
Agora, se a dor e a tristeza começarem a trazer prejuízos significativos ao seu dia a dia – nas relações sociais, no trabalho, nas atividades cotidianas, etc.. – é importante buscar ajuda profissional.
Como ajudar a criança a lidar com as perdas?
A criança, muitas vezes, expressa sua resposta emocional ao luto por meio de comportamentos, em vez de palavras. É fundamental respeitar e acolher as diferentes reações sem julgamento, além de oferecer um ambiente seguro onde esses sentimentos possam se manifestar.
Frases como “você deve ser forte e corajoso(a)” ou “não precisa chorar” são contraditórias à situação que ela está vivendo e podem incitar explosões de raiva, comportamentos regressivos e medo. Por outro lado, não basta dizer “está tudo bem”, pois não é o que ela está sentindo ou observando.
Recomenda-se responder honestamente a quaisquer perguntas que a criança possa ter, tomando o cuidado de adaptar as respostas à capacidade de compreensão e nível de desenvolvimento da mesma. Compartilhar os sentimentos em família e usar recursos lúdicos, como a escrita ou o desenho, também pode ajudar a todos. E lembre-se de que as crianças elaboram melhor a perda quando os adultos nomeiam suas próprias emoções.
“A dor é suportável quando conseguimos acreditar que ela terá fim e não quando fingimos que ela não existe.”
Allá Bozarth Campbell
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