Saúde mental e esquizofrenia

saúde mental e esquizofrenia
Esquizofrenia: o que é, como tratar e como combater o estigma.

Quando falamos sobre transtornos mentais é importante entender que eles são apenas experiências humanas diversas como tantas outras. Compreender melhor as diferentes realidades reduz o estigma em torno do tema e favorece um ambiente mais inclusivo. Afinal, é isso que significa desmistificar: construir entendimentos e promover mudanças para uma sociedade melhor.

Entre a razão e a ilusão

A esquizofrenia é um tipo de psicose caracterizada por períodos de alucinações e delírios (sintomas psicóticos). Considerada uma doença psiquiátrica complexa, ela pode se tornar assustadora para quem a vivencia e para quem convive com alguém com o transtorno, dado que seus sintomas, quando não tratados, levam ao prejuízo ou a perda da autonomia e livre-arbítrio do indivíduo.

No Brasil, estima-se que existam 1,75 milhão de pessoas vivendo com o transtorno – censo do IBGE de 2000. A palavra esquizofrenia vem do grego esquizo, que significa “dividir” e frenia que, por sua vez, quer dizer algo próximo de “mente”. Os primeiros sinais da esquizofrenia, ou distúrbio da mente dividida, surgem na adolescência e começo da vida adulta, entre 15 e 25 anos; dificilmente eles aparecem antes dos 12 anos ou depois dos 40.

Familiares e amigos formam a principal rede de apoio da pessoa com esquizofrenia, e, quase sempre, são os primeiros a notar os sintomas da doença. Lidar com as diferentes situações é bastante desafiador, principalmente para a família, que na maior parte dos casos, apresenta reações que variam entre dois extremos: do conformismo à não aceitação. Ambos trazem prejuízos ao tratamento, na medida em que as possibilidades não são investigadas e as particularidades não são observadas, limitando, assim, a capacidade de recuperação do paciente.

Com frequência, o convívio com esse transtorno mental se torna menos árduo quando aliado ao tratamento adequado, que pode reverter os quadros de crise intensa, uma das causas de maior sofrimento para a pessoa com esquizofrenia e sua rede de apoio.

Idealmente, o tratamento deve envolver uma equipe multidisciplinar, que avalia o paciente de acordo com o tipo e a fase da doença, além da condição social em que ele está inserido. Em geral, o uso de medicação deve ser associado ao acompanhamento psicossocial. A partir dessa abordagem conjunta e contínua, na maioria dos casos, a pessoa com esquizofrenia é capaz de se reintegrar à vida social e ter uma rotina normal, sem a necessidade de internações ou isolamento.

Muitos pacientes, entretanto, abandonam o tratamento devido à falta de conhecimento sobre a doença, às ideias de perseguição ou ao desconforto com os efeitos colaterais das medicações. Além disso, muitos deles apresentam sentimentos de desesperança e vergonha decorrentes do estigma associado ao transtorno.

Desmistificar para transformar realidades

Entre os estereótipos relacionados à esquizofrenia, o comportamento violento está entre os mais comuns. Porém, uma pessoa com esquizofrenia não é, necessariamente, mais violenta do que a média da população. O comportamento violento está associado à personalidade e à história de vida do indivíduo, e não à presença do transtorno mental. O perigo existe quando este indivíduo, não medicado, está em crise ou surto; mas mesmo neste caso, a maior violência costuma ser contra si mesmo.

Para o leigo, o fato mais difícil de compreender é que o que se entende por perda de sentido e controle da realidade não se aplica à pessoa com esquizofrenia. Isso porque aqueles que a vivenciam atribuem um significado e uma causa para cada experiência sensorial, como a alucinação, o delírio e o isolamento.

Por se tratar de um quadro muito complexo, há um longo caminho entre o início do diagnóstico e a manutenção de um tratamento efetivo. Durante essa trajetória, há diversos desafios a serem superados, entre eles, a dificuldade de compreensão sobre a própria doença e o preconceito por parte de familiares, amigos e da sociedade em geral.

Por isso, a manutenção do diálogo e o compartilhamento das percepções da pessoa com esquizofrenia, sua rede de apoio e os profissionais de saúde mental é tão importante. Ela garante uma abordagem integrada ideal para o manejo da doença a longo prazo e para a promoção da qualidade de vida deste indivíduo.

Saiba mais

Desmistificando a esquizofreniaCom o objetivo de contribuir para a quebra dos estigmas em torno da esquizofrenia, o psiquiatra e presidente do Instituto Ame Sua Mente, Rodrigo Bressan, acaba de lançar a 3ª edição do livro Entre a Razão e a Ilusão – desmistificando a esquizofrenia, ao lado da terapeuta ocupacional e terapeuta de família, Cecília Cruz Villares, e de Jorge Cândido de Assis, um dos fundadores da Associação Brasileira de Amigos, Familiares e portadores de Esquizofrenia (ABRE).

Este livro, que foi a referência principal na produção desta matéria, com sua linguagem descomplicada e acessível, é um convite para que toda a sociedade participe dessa transformação.

 

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Publicado em 24 de Maio de 2023

© 2023 por Ame sua Mente

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