Poucas pessoas sabem que o primeiro passo para reduzir as estatísticas relacionadas ao suicídio é conversar sobre saúde mental.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 700 mil pessoas morrem, anualmente, por suicídio, sendo a quarta maior causa de mortes entre os jovens de 15 a 29 anos. No Brasil, houve um aumento de 43% no número anual de mortes, de 9.454 em 2010, para 13.523 em 2019, conforme dados do Ministério da Saúde. Ainda, segundo o levantamento, 46,3% dos casos notificados se concentram na faixa etária de 20 a 39 anos, e 23,3% na faixa etária de 15 a 19 anos.
Quanto mais cedo, melhor!
Embora o comportamento suicida seja complexo e envolva um conjunto de fatores, dados da Associação Brasileira de Psiquiatria mostram que mais de 95% dos casos estão relacionados a transtornos mentais, sendo a depressão o mais comum deles.
Também sabe-se que 75% dos transtornos mentais surgem antes dos 24 anos e 50% antes dos 14 anos de idade. Porém, 80% destes jovens não recebe qualquer tipo de tratamento, pois a maioria não busca ajuda especializada por auto preconceito, vergonha ou desinformação. Ou seja, esses jovens poderiam ter sido encaminhados adequadamente caso o tema não fosse tão estigmatizado em nossa sociedade.
Por outro lado, estudos indicam que as pessoas da geração Z (nascidas após 1995) são mais suscetíveis aos efeitos do estresse, resultando em maiores taxas de ansiedade, depressão, autolesão e suicídio. A impulsividade característica da adolescência somada à necessidade do imediatismo e à baixa capacidade de lidar com os desafios e frustrações da vida também influenciam no aumento de problemas de saúde mental desta geração.
Diante de tal cenário, fica clara a necessidade de criarmos uma cultura de saúde mental em que se possa prevenir, diagnosticar e tratar transtornos mentais de forma precoce e sem qualquer tipo de discriminação. Quanto mais cedo, melhor.
Uma luz chamada esperança
Um dos impactos da crise global da saúde mental, foi o aumento do sentimento de desesperança. “O indivíduo se sente incapaz de mudar aquela situação, ou ao menos, entender que ela pode ser transitória. Isso é o que gera o sentimento de desesperança na sua forma mais aguda. Falar de suicídio é também falar da desesperança” afirma o psiquiatra Gustavo Estanislau, consultor do Instituto Ame Sua Mente.
Mas como mudar esse sentimento que é uma mistura de impotência com vazio existencial? O primeiro passo está novamente na informação e no conhecimento em torno da saúde mental. Estudar temas como as competências socioemocionais (autoconhecimento, autocontrole e habilidades sociais) é essencial para lidarmos com as adversidades e decepções com mais naturalidade.
Outra questão chave nesse processo é entender a natureza passageira tanto das circunstâncias quanto dos sentimentos. Nenhuma situação difícil dura para sempre… Então nestes momentos de angústia, procure fazer – mesmo que sem vontade – algo que de alguma forma te distraia e te desvie da espiral negativa de pensamentos. Por fim, é importante ter uma rede de apoio; ter um amigo, irmão, ou qualquer outro familiar que possa te ajudar nas horas em que a desesperança bater.
Por esse lado, a pandemia do COVID 19 criou um terreno fértil para a discussão do assunto. “A crise levou todo mundo a falar de saúde mental. Hoje é mais aceito dizer que se está triste e angustiado. As pessoas ouvem, e a consequência bonita é essa abertura maior para o tema”, afirma Bressan em entrevista sobre o tema.
Assim, criar espaços para conversas francas e escutar o outro com atenção e empatia – seja em casa, na escola, no trabalho ou ainda entre amigos – é a melhor forma de promover o autoconhecimento e o desenvolvimento emocional, reconhecer questões de saúde mental e, se preciso, buscar ajuda.
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