Transtornos de ansiedade: o que são, quais os sintomas e os tratamentos

Transtornos de ansiedade: o que são, quais os sintomas e os tratamentos

 

 

Aquela sensação de “frio na barriga” causada por ansiedade e alguns de seus transtornos é bem comum. Trata-se de uma resposta natural do corpo diante de situações percebidas como desafiadoras ou ameaçadoras. Em níveis moderados, essa reação pode até ser positiva, pois aumenta a atenção e nos prepara para enfrentar momentos de estresse.

Por isso, sentir ansiedade de vez em quando não é um problema. Em geral, antes de apresentar um trabalho, fazer uma prova ou viver um momento marcante — como o nascimento de um filho — é natural sentir certo grau de ansiedade. Nessas situações, a ansiedade funciona como um alerta e pode até ajudar no desempenho.

 

“Temos dificuldade em aceitar que a ansiedade é um sintoma normal da vida. Uma boa estratégia para superar esses momentos é não pensar a respeito. Quando tentamos controlar a ansiedade racionalmente e ficamos pensando nela, a tendência é que os sintomas se intensifiquem”, explica Rodrigo Bressan, psiquiatra e presidente do Instituto Ame sua Mente, em entrevista ao Dr. Drauzio Varella.

 

O que é transtorno de ansiedade?

No entanto, é importante ficar atento quando esse sentimento deixa de ser passageiro. Se a ansiedade se torna constante, intensa e começa a interferir na rotina, ela pode ser um sinal de transtorno. Nesse caso, surgem sintomas emocionais, físicos e comportamentais, como insônia, irritabilidade, dificuldade de concentração, palpitações e preocupações exageradas.

Além disso, esse quadro costuma impactar as relações pessoais, o desempenho no trabalho ou nos estudos, e até a saúde física. Por esse motivo, buscar ajuda profissional é fundamental.

De acordo com o Ministério da Saúde, os transtornos de ansiedade envolvem tanto fatores biológicos quanto experiências vividas ao longo da vida. Ou seja, é o resultado de uma combinação entre o funcionamento do corpo e a forma como lidamos com o mundo ao nosso redor.

Causas dos transtornos de ansiedade

Não existe uma causa específica para os transtornos de ansiedade. Vários fatores podem contribuir para o surgimento do transtorno, como:

  • predisposição genética;

  • experiências traumáticas;

  • estresse crônico;

  • ambiente familiar instável.

Do ponto de vista da neurociência, a forma como o cérebro processa as emoções também influencia. Pesquisas mostram que pessoas com amígdala cerebral maior têm mais chances de desenvolver transtornos do humor, o que pode evoluir para quadros de ansiedade.

Ansiedade no Brasil e no mundo

Segundo estudo da Covitel (2023), mais de 300 milhões de pessoas no mundo convivem com algum transtorno de ansiedade. E o Brasil lidera o ranking global:

  • 26,8% da população brasileira já recebeu diagnóstico médico de ansiedade.

  • Entre os jovens de 18 a 24 anos, a taxa chega a 31,6%.

  • Entre as mulheres, ultrapassa 34%.

Sintomas mais comuns

Pessoas que convivem com algum tipo de transtorno de ansiedade costumam manifestar:

  • preocupação constante e exagerada;

  • dificuldade para relaxar;

  • sensação de que algo ruim vai acontecer;

  • medo extremo de situações específicas;

  • receio excessivo de ser julgado em público;

  • pensamentos repetitivos e incontroláveis;

  • reações físicas intensas após eventos difíceis.

Quais são os principais tipos de transtornos de ansiedade?

Os transtornos de ansiedade podem se manifestar de formas diversas. Conhecer suas características é essencial para identificar sinais precoces e buscar ajuda adequada. Abaixo, destacamos os principais:

Transtorno da Ansiedade Generalizada (TAG): caracteriza-se por uma sensação persistente de que algo ruim pode acontecer a qualquer momento. Isso leva a preocupações constantes, medo excessivo, agitação e dificuldade de concentração. Como resultado, as relações pessoais e profissionais tendem a ser afetadas.

Transtorno do Pânico (TP): também chamado de “síndrome do pânico”, envolve ataques súbitos de ansiedade intensa, acompanhados de sintomas físicos como calafrios, ondas de calor, dores no peito, vômitos e até desmaios. Esses episódios são marcados por um medo extremo, mesmo na ausência de uma ameaça real.

Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TSPT): esse transtorno surge após vivenciar um evento altamente impactante, seja mental ou emocional. A ansiedade permanece intensa mesmo após o fim da situação traumática, podendo durar semanas, meses ou até anos. Os sintomas interferem diretamente no bem-estar e na rotina.

Transtorno de ansiedade social: manifesta-se por um medo acentuado de situações sociais, especialmente aquelas que envolvem exposição pública. Esse receio constante pode provocar evitação e, com o tempo, levar ao isolamento e ao surgimento de quadros depressivos.

Fobias específicas: incluem medos intensos e desproporcionais relacionados a objetos ou situações específicas — como altura, animais ou trovões. Embora pareçam inofensivos, esses medos podem limitar a rotina e causar sofrimento significativo.

Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC): envolve pensamentos recorrentes e indesejados (obsessões) que geram grande desconforto, levando a comportamentos repetitivos (compulsões) como forma de alívio. Em muitos casos, esses rituais estão ligados à limpeza, organização ou verificação constante. O TOC interfere diretamente na qualidade de vida, exigindo atenção especializada.

Como identificar uma crise de ansiedade?

A crise de ansiedade é um estado psíquico que pode incluir sintomas como falta de ar, tremores, taquicardia e suor excessivo. No entanto, é preciso observar alguns detalhes para identificá-la corretamente.

Geralmente, quem apresenta episódios recorrentes de ansiedade vivencia sintomas físicos, tais como tremores, eriçamento de pelos e respiração acelerada. Por isso, quando os sinais se tornam muito intensos e incluem dor no peito, é importante buscar atendimento médico para descartar causas cardíacas.

Para diferenciar as crises de ansiedade das crises de pânico, vale observar que, no último caso, os episódios costumam ser mais intensos, duram menos tempo e, normalmente ocorrem de forma súbita, sem uma causa aparente. Já a crise de ansiedade, ao contrário, costuma ter um gatilho identificável e uma evolução mais gradual.

O que pode piorar a ansiedade?

Mesmo quem não tem um diagnóstico formal de transtorno de ansiedade pode apresentar gatilhos que aumentam o mal-estar. Nesse sentido, descobrir o que causa esses episódios exige autoconhecimento. De acordo com o psiquiatra Rodrigo Bressan, vale observar o que acontece antes dos momentos de maior ansiedade: “Por exemplo, um evento aparentemente corriqueiro pode fazer com que a pessoa tenha um pensamento muito negativo. O ideal é observar essa relação de causa e efeito”, explica.

Como tratar os diferentes transtornos de ansiedade?

O diagnóstico precoce é essencial. Ele ajuda a evitar complicações, reduz o sofrimento e melhora a qualidade de vida da pessoa e de quem convive com ela. Dessa forma, também permite uma intervenção mais eficaz.

Hoje, os transtornos de ansiedade contam com diferentes abordagens terapêuticas. As mais eficazes incluem:

  • Psicoterapia – com sessões regulares conduzidas por psicólogo ou psiquiatra;

  • Medicação – sempre prescrita e acompanhada por um psiquiatra;

  • Abordagem combinada – que une psicoterapia e tratamento medicamentoso.

Na maioria dos casos, o tratamento adequado promove uma melhora significativa. Portanto, a avaliação de um especialista é fundamental tanto para o diagnóstico preciso quanto para o direcionamento do tratamento mais eficaz.

Quais os riscos se não for tratada?

Quando não tratada, a ansiedade tende a se agravar com o tempo, afetando diferentes áreas da vida da pessoa. Além do impacto emocional, há consequências sociais, profissionais e até físicas. Entre os efeitos mais comuns estão: pressão alta, dores de cabeça, distúrbios gastrointestinais e queda na imunidade. Além disso, a ansiedade pode abrir espaço para outros transtornos mentais, como a depressão — especialmente quando os prejuízos emocionais se acumulam e não são tratados de forma adequada.

É preciso falar sobre os transtornos de ansiedade e sobre saúde mental

Os transtornos de ansiedade impactam milhões de pessoas. Por isso, falar sobre o tema é tão urgente. Além da baixa qualidade de vida, há consequências sociais e econômicas importantes.

Para mudar esse cenário, é necessário prevenir, diagnosticar e tratar os transtornos corretamente. E, para isso, precisamos combater o estigma e o preconceito, promovendo o debate em diferentes espaços da sociedade. Em outras palavras, valorizar a saúde mental, tratá-la com naturalidade e promover cuidados no dia a dia são atitudes que todos nós podemos cultivar. Afinal, saúde mental também é parte da saúde como um todo.

No Instituto Ame Sua Mente, desenvolvemos diferentes projetos que promovem a saúde mental no ambiente escolar e estimulam o diálogo em toda a sociedade. Quer saber mais? Acesse nosso menu de conteúdos gratuitos e explore materiais em diversos formatos sobre saúde mental.

Newsletter

Assine a newsletter e receba conteúdos qualificados sobre saúde mental no seu e-mail.
Faça parte desse movimento #amesuamente

    Nos diga o tipo de conteúdo que tem interesse:

    © 2023 por Ame sua Mente

    Ame sua mente
    logo_l

    ©2023 por Ame sua Mente