A tecnologia revolucionou a maneira como desempenhamos grande parte das atividades em nosso dia a dia. A conexão em tempo real expandiu exponencialmente o conhecimento e as potencialidades humanas, e as novas possibilidades não param de surgir. Mas, a tecnologia tem evoluído muito mais rápido do que nossa mente pode acompanhar, trazendo grandes impactos à saúde mental.
“É importante reconhecer que o excesso de informações da vida moderna tem impactado negativamente a saúde mental, causando sensação de sobrecarga mental, redução da capacidade de concentração e memória, além do aumento do estresse e da ansiedade. A exposição exagerada às notícias e opiniões gera demandas e expectativas cada vez maiores – muitas vezes irreais – e pode agravar sintomas de ansiedade e depressão.”, afirma Ana Carolina D’Agostini – psicóloga e consultora de Desenvolvimento de Conteúdo Pedagógico do Instituto Ame sua Mente.
Temos muitos sinais e evidências da influência da vida hiperconectada na saúde mental, nas relações interpessoais, na produtividade, só para citar alguns exemplos. Por isso, é importante tomar consciência de atitudes prejudiciais que se tornaram automáticas devido a essa vida hiperconectada. É possível combater e eliminar comportamentos e condicionamentos, entender como estes se formam e como podemos romper aqueles que não nos beneficiam. Leia em nossa matéria sobre o tema.
O impacto das telas no desenvolvimento e na saúde mental das crianças e adolescentes
As facilidades que a internet e os aplicativos oferecem são reduzidas quando se trata de adolescentes e inexistem para as crianças. Para os mais jovens, predominam os efeitos prejudiciais do uso das telas, e uma mudança de atitude deve receber atenção redobrada. O impacto negativo no desenvolvimento da capacidade cognitiva, socioemocional e de aprendizagem pode se estender por toda a vida.
Na infância e adolescência, o córtex pré-frontal, uma das regiões mais complexas do cérebro, ainda está em desenvolvimento. Esse sistema é responsável pelo raciocínio lógico, tomada de decisões, planejamento, atenção e comportamento social. Nesta fase da vida, a função executiva do cérebro fica, então, suscetível a fatores externos, como à exposição exagerada às telas.
Uma ação por parte dos pais e cuidadores é urgente, e os motivos são imensamente maiores do que a resistência que podem enfrentar. O psicólogo social e pesquisador Jonathan Haidt, autor do best-seller “Geração Ansiosa”, propõe um movimento coletivo para mudar essa realidade, a partir do entendimento de que é preciso que toda a sociedade se mobilize para disseminar as informações disponíveis sobre os impactos do uso de telas, conscientizando uns aos outros e assim, mudando o comportamento comum em relação ao uso dos gadgets eletrônicos.
No livro, Haidt chama a atenção para “os quatro prejuízos fundamentais” da infância contemporânea: privação de sono, privação social, fragmentação da atenção e vício. Embasado em sua vasta pesquisa ele também propõe 4 iniciativas para mudar essa realidade:
4 normas para combater o impacto das telas na saúde mental das crianças e adolescentes
- Crianças sem smartphones até o ensino médio
- Crianças sem redes sociais até os 16 anos
- Escolas sem telefone
- Mais independência para o brincar no mundo real
Aprovada recentemente, a lei federal que proíbe o uso de celulares nas escolas representa um grande passo nessa direção, colocando em prática uma das normas proposta por Haidt e criando um ambiente propício para que família, escola e sociedade possam atuar conjuntamente no combate ao uso excessivo de dispositivos móveis . Com isso, podemos resgatar nas escolas as interações sociais, o tempo livre, a capacidade de atenção e as habilidades socioemocionais. O resultado futuro, valerá qualquer resistência que possamos enfrentar para criar uma mudança de hábito e estilo de vida que vai assegurar um crescimento mais saudável.
Conheça os sintomas desse vício na entrevista do psiquiatra Rodrigo Bressan para o Jornal da Band, presidente do Instituto Ame Sua Mente. Sempre que perceber sinais de sofrimento mental procure ajuda profissional, na aba “Precisa de ajuda em saúde mental?” deste site, listamos os serviços de atenção psicossocial disponíveis no país, com todas as informações de acesso.
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